quinta-feira, março 06, 2014

O Espelho Mágico

Confesso que não os ouvi com muita atenção. Não por qualquer razão pessoal, nem sequer por causa da cor, até porque apesar de dizerem que existem várias cores eu só consigo ver cinzento. Não, não foi por nada disso. Foi por um motivo de saúde. Quando estou muito tempo a ouvi-los fico agoniado. Mas retive o essencial da coisa. E o essencial da coisa é que o mundo virtual está bem e recomenda-se. Há para aí uns problemazitos, centenas de milhares de desempregados, uma divida impagável, uma corrupção galopante, uma bancarrota a espreitar pelas fisgas da crise, um compadrio descarado, mas o que é isso para os super-homens, abnegados defensores da causa pública, ou do que da mesma sobrar (se alguma coisa sobrar). De qualquer maneira não deve ser grave a atentar na boa disposição patente nos inúmeros abraços e sorrisos. Entre manifestações de intenções, ajustes de contas mais ou menos velados e louvores à obra feita (espelho meu, espelho meu, há algum politico melhor do que eu?) se louvou a realidade cruel com tais cantos de glória, que dariam vontade de rir, não fosse dar ainda uma muito maior vontade de chorar. No fim foi só carregar no botão, desligar o virtual e voltar à realidade, esta sim transformada na fantasia, alimento de um mundo em negação permanente. Um dia destes há mais!