sexta-feira, janeiro 20, 2017

Um Dia que não é só mais um Dia!

Num dia que se quer diferente comemoras mais um aniversário. Mais um a juntar a outros que queremos sempre diferentes e melhores. Todos temos o direito de pedir isso e muito mais.
Mas devemos aproveitar a ocasião também para parar um pouco e reflectir sobre o mundo à nossa volta. Sobre o que vale a pena e o que não vale nem sequer um leve olhar. Às vezes é difícil porque os apelos à nossa volta são muitos, mas é nestes momentos de comunhão que devemos lembrar os deserdados da vida, aqueles cujo único "crime" foi nascerem no sitio errado à hora errada.
Neste dia especial para ti o melhor dos mundos!
Mil beijinhos de parabéns!

quinta-feira, janeiro 19, 2017

Sobre o Nascer do Dia

Assisti a mais um nascer de dia regenerador. Aprendi há pouco tempo a gostar desta forma de renascer. Porque cada dia é isso mesmo, um novo renascer.
Não é à toa que a sabedoria popular diz o "nascer do dia" e o "cair da noite".
O levantar lento do manto de breu vai descobrindo pouco a pouco o que o que o negro da noite escondeu.
E todos os dias a magia se repete. Sabemos que as coisas estão lá mas mesmo assim o nosso lado maniqueísta não deixa de sentir alivio quando o confirma. Porque no nosso íntimo das trevas tudo de perverso e vil pode acontecer.
Por isso para além da beleza do reaparecer da luz, cada novo amanhecer é também e sempre uma vitória da luz sobre as trevas!

sábado, janeiro 07, 2017

O Salário Minimo

O governo está satisfeito, as confederações patronais dizem que venceram e os sindicatos cantam vitória. Venceram todos? Desconfiem porque alguém deve ter perdido. Ah! Já estava esquecido. Pagarão os do costume. Aqueles que não podem fugir e estão sistematicamente entalados entre o muito pouco ou nada. Os que trabalham no duro de sol a sol para gerar a riqueza da meia dúzia do costume.
Mas para tanto alarido deve ser coisa de monta aquela de que estamos a falar. O quê? O aumento do salário mínimo nacional de 530 para 557 euros, ou seja cerca de 90 cêntimos por dia. De louvar sem dúvida se…se tudo não fosse aumentar, porque aí fazendo bem as contas talvez o dar passe a tirar.
Só não entendo o alarido da “vitória”!
Se fosse eu apresentaria a medida às quatro horas da madrugada num canal de televisão regional e acompanhada de um pedido de desculpas.

terça-feira, janeiro 03, 2017

Entre a Certeza da Morte e a Incerteza da Vida

A semana passada estive um dia num lar de idosos.
Todas as pessoas deviam passar pelo menos um dia num lar destes, como profilaxia mental e observatório priveligiado da grande vitória de levar a colher à boca ou da pequena derrota de não conseguir chegar a tempo ao quarto de banho. Porque estas são já as batalhas possíveis na luta desigual contra a morte e as verdadeiras batalhas da vida.
Hoje passei um dia nas urgências de um hospital.
Estive onze horas nas urgências , apesar de uns quadros muito bonitos, com o nome pomposo de Triagem de Manchester me estarem a desmentir continuadamente dizendo-me que com uma pulseira daquela cor seria atendido em 60 minutos.
E agora permito-me defender que ninguém deve passar nem um minuto na urgência de um hospital em nome da higiene mental. É um espectáculo deprimente o que nos é oferecido com pessoas sentadas em cadeiras desconfortáveis, enquanto esperam interminavelmente por noticias que tardam em chegar.
Com rostos sem expressão vão ouvindo as várias histórias que são de cada um, mas que aqui se cruzam passando a ser de todos.
Olha com esta pulseira são só 60 minutos de espera. Não contes com isso. Conta mais com duas ou três horas. Um voluntário da paz resolve acicatar a guerra verbal. Ou mais. Ainda a semana passada estive aqui 4 horas à espera. Veja lá que um dia destes havia 2 médicos de…etc,etc, etc.
Em todas as conversas que apanho existe um denominador comum – todas dizem mal do hospital. Coincidência?

Afinal quem gosta de quem?

João gosta de Luisa que gosta de Fernando que gosta de Manuela que gosta de Francisco que gosta de... João?
Quem gosta de alguém que gosta de alguém, gosta de alguém?
A confiar no mundo virtual sim e todos gostam de todos!
O que não deixa de ser estranho quando vemos no dia a dia as pessoas com os nervos à flor da pele, irritadas com a vida, prontas a quase tudo para mostrarem quanto estão zangadas. Mesmo que seja por motivos triviais ou tão só por uma questão de afirmação formal que, como bem sabemos chama-se intolerância e é causa de muitos males.
Mas talvez eu esteja enganado e tudo não passe de um plano bem concebido.
Incapazes de suportar o "peso" do mundo real as pessoas refugiam-se cada vez mais no virtual e algumas já não sabem viver fora dele. Quando confrontadas zangam-se, erguem uma muralha em torno do porto seguro e esperam que a inquietação passe.
Pela razão simples que no mundo real não há botão para desligar.
Antevejo um fim triste a esta transmutação improvável.
No futuro cada um de nós terá milhares de amigos, mas nenhum que o levante do chão se cair na rua mesmo à porta de casa!

E Você? Já pensou no que vai dar no Novo Ano?

Recupero Drummond de Andrade: ”Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.”
Aqui chegados temos dificuldade em fugir aos lugares comuns do costume. “Ano novo, vida nova. É a última vez, a partir de amanha é que vai ser. Que o novo ano nos dê tudo o que desejamos”. Enfim é a esperança a funcionar. Para uma parte infinitamente pequena, porque para uma grande maioria a esperança é tão só que no fundo da panela haja que comer na próxima refeição.
Sim porque a esperança dos que nada têm não é mesma dos que tudo têm e querem mais. A primeira chama-se sobrevivência e a segunda ganância.
Ouvir os desejos para o novo ano deixa-me muito desconfortável enquanto ser humano porque a frase repetida até à exaustão é “eu quero”e isso não augura nada de bom. Chegou um tempo de fazer (ainda que pequenas coisas) em vez de falar (ainda que grandes ideias),
Hoje já dei o meu pequeno contributo de “ fazer!”