terça-feira, janeiro 05, 2010

A Celebração

...é já só celebração da celebração?...

Dia um de Janeiro de Dois Mil e Dez. Zero horas.
Espreito a minha rua e, através da televisão, todas as outras ruas e percebo que há um mundo inteiro a celebrar.
Com champanhe, fogo de artificio, muito fogo de artificio, risos, abraços e promessas, muitas promessas a propósito de tudo e de nada.
É fundamental festejar.
Mas festejar o quê?
Para tantos festejarem ao mesmo tempo, uma boa razão deve haver...
Tento encontrá-la.
Procuro desesperadamente avivar a minha memória… mas, não… não encontro um único motivo para celebrar o que quer que seja, nada que mereça sequer ser relembrado, quanto mais festejado.
E no entanto todos celebramos!
Não seria difícil encontrar uns quantos argumentos sócio-psicanalíticos, tipo, esperança que os desejos se transformem em realidade, para esquecer, por magnetismo social, etc., etc, e, no entanto, a explicação pode ser bem mais simples.
Cumprimos um ritual!
Fazemos tão só o que deve ser feito para estarmos de acordo com os ditames deste sacrossanto sistema que nos governa:
Primeiro celebramos, depois logo se vê se há alguma coisa para celebrar!