sexta-feira, maio 20, 2005

"regressão em frente"

As últimas notícias sobre os despachos “apressados” do governo anterior são preocupantes em relação aos aspectos ético-legais (sobre os quais já quase tudo foi dito e sobre os quais a justiça se há-de pronunciar - assim o esperamos!) e em relação ao que indiciam de subterrâneo na vivência social em democracia.
Que, como bem sabemos devia ser clara e transparente, mas penso que são ainda mais preocupantes no que deixam antever de aceitação tácita e do que representam em relação a uma progressiva inversão da ordem de valores.
Há criticas é verdade, mas tão tíbias e receosas que é como se, mesmo os que criticam, entendessem e não lhes repugnasse fazer o mesmo ("quem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra?")
Tempos houve em que a palavra de um homem valia tudo.
Depois a palavra deixou de ser suficiente(“à mulher de César não basta ser séria é preciso parecê-lo”)
Mais tarde só a imagem passou a contar ( só existe o que é visivel, leia-se é notícia de televisão), passando a verdade a ser não o que é, mas o que dela se fizer.
Estamos ainda neste tempo, mas a um pequeno passo de passar para o seguinte – o do vale tudo em que só existe o que se consegue provar.
Infelizmente é nesta lenta "regressão para a frente" que está muito do que somos hoje : uma sociedade que passou de zelosa respeitadora de valores (num tempo em que as leis não existiam) para uma sociedade cumpridora compulsiva de leis (num tempo em que os valores deixaram de existir).
A caminho de quê?
Penso que neste momento não sabemos muito bem.
Mas há pelo menos uma certeza - para onde quer que vamos temos que ir o mais depressa possível!