quinta-feira, junho 16, 2005

O TRATADO E O POVO

“Então, já sabes o resultado?”
O tom denotava ansiedade e uma profunda preocupação.
“Já! Disseram NÃO!”
“NÃO?!?Mas como? Isso é impossível!”
“È verdade. O povo votou não!”
“Mas como é que nos podem fazer uma coisa destas? Não entendem o bem que queremos para eles? Não respeitam os sacrificios que fazemos todos os dias, longe das nossas familias, desterrados nestas cidades longínquas com o único propósito de os servir e proporcionar uma vida melhor?”
“Assim parece!”
“Então e agora? O que é que fazemos?”
“E o pior é que pelo que parece a onda tem tendência a aumentar e muitos mais se preparam para dizer não.”
“E o que é que fazemos?”
“Penso que o melhor é suspendermos a consulta por uns tempos. Fingimos que isto não tem importância nenhuma, que a vida continua, enfim, o costume e esperamos uma oportunidade em que estejam distraidos com outras coisas e quando tivermos a certeza que não vão dizer não voltamos a colocar a questão.”
“Parece-me um bom plano. Mas ... e se não se distraírem? E se não voltarmos a ter a certeza que o povo não diz não?”
Nesse caso ainda é mais fácil – muda-se o povo!”