sexta-feira, junho 03, 2005

A Sinistralidade Rodoviária, o Défice, o Teatro e Outras Coisas Aparentemente Desencontradas

Numa acção de sensibilização recente sobre prevenção rodoviária (leia-se excesso de velocidade/acidentes) o Presidente da Republica fez A PERGUNTA: “se não é permitido andar a mais de 120 km/hora porque se continuam a construir carros que andam a 300 km/hora?
O défice é em si mesmo um conceito estranho, tornado “obtuso” por um modelo de desenvolvimento que não admite regressões, nem mesmo de palavras (não inventaram uma coisa chamada “crescimento negativo”?).
O problema é que vivemos um modelo de desenvolvimento em que só mesmo nas palavras é que não há regressões.
Em democracia o teatro é fundamental, porque a democracia se alimenta de alternância e de promessas, duas excêntricidades que teimamos em manter.
A alternância não permite que se atirem pedras (podem cair em cima da própria cabeça).
As promessas só fazem sentido se forem de dar, mas, neste momento, o dar está esgotado.
Dito de outro modo, é necessário dizer que o crescimento se mantém, com um pequeno senão, passou a ser negativo.
E convenhamos que para dizer tirar de forma a que quem ouve entenda dar é precisa não só muita arte (de representar), mas também muita, muita magia.
E o que é que estas coisas têm que ver umas com as outras?
Tão só que, apesar de fingirmos o dominio, talvez já não passemos de actores passivos de uma peça com vida própria.