quarta-feira, agosto 03, 2005

Sobre o Terrorismo

No processo de construção do homem qualquer violência é um passo atrás, ou, dito em “politiquez”, um passo em frente de sentido negativo.
Os tempos que correm são propicios a debates sobre as causas da violência, em especial na sua forma mais aberrante, a do terrorismo.
Parece-me claro que as causas existem e que são muitas e variadas. Como me parece claro que a violência deve ser combatida de todas as formas legais.
Mas tentar reduzir tudo a duas hipóteses, à dos que defendem que não existem quaisquer causas directas e à dos que dizem que só existem causas directas, é não só redutor como pode ser perigoso para a compreensão e tentativa de erradicação do terrorismo.
Por mim penso que as coisas não são tão simples para qualquer dos lados.
Se existe um tempo em que tudo tem que ver com tudo, este é esse tempo.
Hoje não é mais possível esconder o que quer seja. Para o bem e para o mal tudo o que fazemos de bem reverte a nosso favor do mesmo modo que nos cai em cima da cabeça tudo o que fazemos de mal. E temos que convir que o denominado mundo civilizado tem feito muitas coisas mal, algumas das quais lhes estão a cair em cima da cabeça da pior forma possível.
Todos os extremismos são perigosos porque potenciam outros. Por isso na nossa pretensão fácil de condenar o que não entendemos, penso que só temos a ganhar se fizermos um esforço de entendimento e muito em particular se tentarmos não impor modelos que como bem sabemos no que nos diz respeito estão muito longe de ter conseguido os objectivos.
Lutemos com tudo o que pudermos contra o terrorismo, mas, para além disso, tentemos encontrar as sementes e pode ser que descubramos com horror que fomos nós mesmos que lavràmos o terreno que o oportunismo de alguns aproveitou.