terça-feira, dezembro 19, 2006

O Espectáculo a Qualquer Preço

A notícia:
“O ministério público de Bona acusou três jovens reclusos da morte de um companheiro de cela, depois de o terem torturado e sujeito a sevícias sexuais, durante doze horas na Prisão de Siegburg, na Alemanha.
Os suspeitos com idades entre os 17 e os 20 anos, já confessaram em tribunal que queriam ver morrer um homem…”
O resto:
Como móbil de um crime é aberrante, mas será assim tão simples nesta sociedade mediática onde só o espectáculo conta e onde as fronteiras entre a realidade e a fantasia estão cada vez mais esbatidas?
O espectáculo é hoje talvez a componente mais envolvente da nossa vida em sociedade.
Está em todo o lado, umas vezes de forma assumida, outras camuflado de interesse público, de dever de informar, de direito ao conhecimento.
Quantas vezes tão só mascaradas de um pretenso e inalienável direito à informação.
Em nome dos valores a verdade é que, muitas vezes, na teia do espectáculo, são os valores que se perdem, substituídos por uma amoralidade a quem tudo é permitido.
Por via do espectáculo há hoje uma osmose permanente entre realidade e fantasia de que resulta a perca de noção de cada uma e se esbatam as noções de bem e de mal. Porque é evidente que na fantasia se perde a noção do mal, quando se mata alguém que depois reaparece tantas vezes quantas se matar. Se são uma e a mesma coisa porque não há-de reaparecer também na realidade? E se reaparece onde está o mal?
Perdida a noção de bem e de mal estamos a um passo de uma sociedade amoral e sem valores, onde até pode ser normal alguém dizer que matou só porque queria ver morrer.