sexta-feira, janeiro 20, 2006

A Poesia a Belém

Tem sido notável o esforço de todos os candidatos à Presidência da Republica, tendo em conta quão difícil deve ser estar tanto tempo a falar com tão pouco para dizer.
Porque, sejamos realistas, em Portugal, numa campanha presidencial, há muito pouco a dizer, pelo menos não mais do que há depois para fazer.
Digamos que o suficiente para um serão televisivo e mesmo assim…(por muitas que sejam as acusações mútuas de que vão usar o lugar para fazer mil e uma maldades).

Porquê então votar num em vez de outro?
Porquê Manuel Alegre?

É verdade que em termos práticos todos podem fazer mais ou menos a mesma coisa, (ou seja: nada!), mas no que ao espírito diz respeito já a diferença pode ser muita.
Por muito importante que seja a economia (mesmo que seja só a economia a dizer de si mesma quão importante ela é) é cada vez mais imperioso que tenhamos a capacidade de sonhar.
O que, como bem sabemos, muitas vezes pode ser induzido.

Todos sabemos que se andarmos muito tempo com a cabeça à roda ficamos tontos.
O actual e permanente andar à roda (produzir mais para consumir mais, produzir mais para consumir mais, produzir mais para consumir mais…) pode fazer com que a tontura se transforme em loucura se não formos suficientemente fortes para quebrar o círculo.
E para isso todas as ajudas são bem vindas.

Tenho para mim que, neste particular, Manuel Alegre pode ser uma ajuda preciosa.
Pelo menos a melhor dentre as escolhas possíveis.
Por isso vamos eleger alguém que de vez enquanto não vete, mas seja “vate”, que de tempos a tempos esqueça os Decretos e nos dê sonetos, alguém que seja capaz de nos dizer que existe vida para além da ditadura do consumo e que a esperança a mais das vezes está dentro de nós à distância de um pensamento.