terça-feira, janeiro 03, 2017

Entre a Certeza da Morte e a Incerteza da Vida

A semana passada estive um dia num lar de idosos.
Todas as pessoas deviam passar pelo menos um dia num lar destes, como profilaxia mental e observatório priveligiado da grande vitória de levar a colher à boca ou da pequena derrota de não conseguir chegar a tempo ao quarto de banho. Porque estas são já as batalhas possíveis na luta desigual contra a morte e as verdadeiras batalhas da vida.
Hoje passei um dia nas urgências de um hospital.
Estive onze horas nas urgências , apesar de uns quadros muito bonitos, com o nome pomposo de Triagem de Manchester me estarem a desmentir continuadamente dizendo-me que com uma pulseira daquela cor seria atendido em 60 minutos.
E agora permito-me defender que ninguém deve passar nem um minuto na urgência de um hospital em nome da higiene mental. É um espectáculo deprimente o que nos é oferecido com pessoas sentadas em cadeiras desconfortáveis, enquanto esperam interminavelmente por noticias que tardam em chegar.
Com rostos sem expressão vão ouvindo as várias histórias que são de cada um, mas que aqui se cruzam passando a ser de todos.
Olha com esta pulseira são só 60 minutos de espera. Não contes com isso. Conta mais com duas ou três horas. Um voluntário da paz resolve acicatar a guerra verbal. Ou mais. Ainda a semana passada estive aqui 4 horas à espera. Veja lá que um dia destes havia 2 médicos de…etc,etc, etc.
Em todas as conversas que apanho existe um denominador comum – todas dizem mal do hospital. Coincidência?

1 Comments:

Blogger Magui said...

É mesmo. Ficamos incomodados com os comentários e com a forma preversa de espicaçar os outros utentes para a rebelião, criticando alto o sistema, o tempo, os médicos, os enfermeiros... eu acredito que aqueles profissionais dão o seu melhor (salvo raras excepções) dentro das condições que lhes são dadas. Quem deveria ouvir as críticas, não está lá. Esses vão ao Hospital da Luz ou da Cuf.

5:32 da tarde

 

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