sábado, setembro 03, 2005

KATRINA – A IMPOTÊNCIA DA SUPERPOTÊNCIA

Os efeitos do furacão Katrina estão a deixar a América horrorizada.
Para além da contagem politica que já começou a ser feita (a ordem de evacuação foi feito atempadamente? foram utilizados os meios adequados?foi feita a análise correcta, etc,etc) começa a ser feita uma outra impensável na maior potência mundial.
Há relatos de pilhagens, de lutas entre gangs, de todo o tipo de violencia, tendo sido dada ordem para matar às forças chamadas para impor a ordem.
Como é ténue a fronteira entre um civismo exemplar e a anarquia mais execrável!
Mas a contagem mais importante é a que deve ser feita no que diz respeito à ordem de valores e ao reconhecimento da fragilidade do homem em face da causas naturais desta grandeza, por mais evoluído que pareça ser ou estar.
É muito fácil falar de fome quando se tem a barriga cheia ou de democracia, lei e ordem quando estas existem para além da satisfação das necessidades mais básicas.
Mas será do mesmo modo quando estas necessidades estão por satisfazer e quando as perspectivas de vida são tão escassas que as não conseguimos sequer vislumbrar?
Na verdade o que o Katrina nos está a mostrar para lá da tragédia é que no desespero os homens continuam a ser muito iguais.
Porque o desespero das gentes de Nova Orleães causado pelo Katrina, não é muito diferente do de milhões de pessoas no chamado terceiro mundo, sem alimentos, sem bens de primeira necessidade, sem quaisquer perspectivas de futuro.
A impotência é a mesma e a reacção está a ser também a mesma: fome e doença numa mistura explosiva com anarquia e violência.
A Terra já provou mais que uma vez que tem força suficiente para todas as superpotências juntas e que por isso é urgente combater todas as causas conhecidas do seu aniquilamento.
É fundamental que todos entendam que Kyoto e todos os protocolos afins não são meras ideias alucinadas de meia dúzia de idealistas anti-americanos; são uma necessidade premente para que a Terra reencontre o mais rapidamente possivel um equilibrio que estamos a destruir a uma velocidade vertiginosa.
Em nome das vitimas façamos votos para que não seja esta a única forma de se combater a arrogância dos que pensam que tudo podem.
A hora é de conjugação de esforços para acabar com a catástrofe o mais rápido possível.
Mas a seguir a esta é urgente que a consciência se mantenha e que tenhamos a coragem de acabar com todas as outras catástrofes que todos os dias se multiplicam um pouco por todo o mundo, algumas com muitas culpas de todos nós.