terça-feira, maio 31, 2005

A Bem da Nação

O antigo secretário geral do Partido Socialiasta, Ferro Rodrigues, afirmou em entrevista à Antena 1 que não é candidato à Presidência da Republica.
Acho muito bem (não que não é candidato, porque quanto a isso cada um sabe de si, mas tão só que o tenha dito...)
Mais, eu digo a mesma coisa.
Eu também não sou candidato à Presidência da Republica!
Penso mesmo que é nesta clareza de linguagem que todos nos devemos passar a empenhar abrindo caminho à sempre adiada democracia directa.
Se todos tiverem a mesma atitude corajosa e manifestarem de forma inequivoca a sua posição até pode acontecer que no final apenas um português manifeste o seu desejo de ser Presidente da Republica (talvez o professor Cavaco Silva, quem sabe?) e assim não só ficará resolvido um problema próximo como se pouparão milhares de euros ao erário publico que bem necessitado está de todas as ajudas.
Mas mais importante que registar este acto heróico será o facto de estar aberta uma porta para a verdadeira democracia, corrigindo aquela que é, neste momento, uma das suas maiores fragilidades – a da representatividade – como muito bem tem sido referido nos últimos dias a propósito da construção europeia e do não da França ao Tratado Constitucional.
A democracia deixará de ser um quadrianual acto simbólico para passar a ser quando um homem quiser.
Por mim aproveito e “despacho” já os próximos quatro compromissos:
1) voto TTB nas eleições autárquicas
2) voto TTB nas próximas eleições legislativas (mesmo que sejam no final da legislatura)
3) sou a favor da lei do aborto
4) voto em quem quiser ser Presidente da Republica (se houver alguém)

sexta-feira, maio 20, 2005

"regressão em frente"

As últimas notícias sobre os despachos “apressados” do governo anterior são preocupantes em relação aos aspectos ético-legais (sobre os quais já quase tudo foi dito e sobre os quais a justiça se há-de pronunciar - assim o esperamos!) e em relação ao que indiciam de subterrâneo na vivência social em democracia.
Que, como bem sabemos devia ser clara e transparente, mas penso que são ainda mais preocupantes no que deixam antever de aceitação tácita e do que representam em relação a uma progressiva inversão da ordem de valores.
Há criticas é verdade, mas tão tíbias e receosas que é como se, mesmo os que criticam, entendessem e não lhes repugnasse fazer o mesmo ("quem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra?")
Tempos houve em que a palavra de um homem valia tudo.
Depois a palavra deixou de ser suficiente(“à mulher de César não basta ser séria é preciso parecê-lo”)
Mais tarde só a imagem passou a contar ( só existe o que é visivel, leia-se é notícia de televisão), passando a verdade a ser não o que é, mas o que dela se fizer.
Estamos ainda neste tempo, mas a um pequeno passo de passar para o seguinte – o do vale tudo em que só existe o que se consegue provar.
Infelizmente é nesta lenta "regressão para a frente" que está muito do que somos hoje : uma sociedade que passou de zelosa respeitadora de valores (num tempo em que as leis não existiam) para uma sociedade cumpridora compulsiva de leis (num tempo em que os valores deixaram de existir).
A caminho de quê?
Penso que neste momento não sabemos muito bem.
Mas há pelo menos uma certeza - para onde quer que vamos temos que ir o mais depressa possível!

sexta-feira, maio 06, 2005

"O que for quando for é que será o que é" (a)

...isto se formos trocando a bola com calma o tempo vai passando e não há-de acontecer nada... golo!?já??... agora temos de começar a jogar... temos que começar a jogar... então não jogamos porquê?... isto agora não é só trocar a bola, é preciso jogar... estamos feitos... meio tempo já lá vai... bem vamos para intervalo... não, espera... foi golo... Uff!... intervalo...
...isto se formos trocando a bola com calma o tempo vai passando e não há-de acontecer nada... outro golo?... um não lhes chegava?... agora é que estamos mesmo a ficar feitos... agora é preciso jogar... é preciso jogar... oouuttrroo golo?... estão ficando "doudos"?... e agora?... estamos feitos de vez!...bye!bye! final...adeus e até ao meu regresso...hei!espera aí... volta para tràs... foi golo... foi golo?? FOI GOOOLLLOOO!GGGGOOOOLLLLOOOO! SOMOS OS MAIORES!!!

(a)Fernando Pessoa

quinta-feira, maio 05, 2005

Lembrança de Agostinho da Silva

"pois não é verdade que logo que se perdeu a noção fundamental de que a única função do homem é a de ser companheiro da mulher e a única função da mulher a de ser companheira do homem se inventou a ideia de que há trabalhos que são próprios do homem e outros que são próprios da mulher, quando na verdade só há duas categorias de trabalhos : os que são próprios de homem ou de mulher, indiferentemente, por exemplo pintar ou tratar de flores, e os que não são próprios nem de um nem de outro, por exemplo, costurar botão ou matar galinha.Mas, feita a primeira especialização, se entrou numa carreira fatal.Há hoje quem esteja plenamente convencido de que nasceu mais engenheiro do que homem; como se já estivessemos naquele tempo de pesadelo em que se fabricariam homens-máquinas de servir máquinas de servir homens-máquinas.E não julguemos que nos vamos libertar desta condição de especialistas apenas pela própria fatalidade do desenvolvimento cientifico e técnico.A chuva é fatal, mas o guarda-chuva não é fatal....E é também por outro lado que a liberdade só se obtém e mantém por um esforço continuo de vontade; a liberdade realizada, é evidente, porque a outra é de nossa estrutura"