terça-feira, maio 16, 2006

Sida em África

A noticia em Março do ano passado era que "Dentro de 20 anos, 90 milhões de Africanos estarão infectados com o Virus da Sida".

A edição de dia 16 do "The Independent" oferece metade da receita para o "Global Fund to Fight Aids" e põe a sua 1ª página à disposição de Bono, um dos mais activos resistentes contra o imobilismo no combate a este flagelo.

A maior parte da 1ª página é vermelha e tem a indicação de que hoje não há notícias, sendo que em fundo tem A NOTÍCIA de que tudo continua na mesma : TODOS OS DIAS HÁ 9.000 CASOS DE NOVAS INFECÇÕES NOS PAÍSES EM VIAS DE DESENVOLVIMENTO E DOS INFECTADOS MUITOS MORREM TODOS OS DIAS.

Estas pessoas só morrem porque vivem em África e este é o drama que não pode ignorar quem durante várias gerações explorou desavergonhadamente este chamado 3º mundo, ou, em linguagem mais soft, um mundo em vias de desenvolvimento, o que, como bem sabemos, quer dizer que o deixaremos desenvolver quando o tivermos "secado" por completo e isso nos der jeito para vender o que nos começa a sobrar.

A Sida em África é talvez o mais mediático de um conjunto de males, de cuja génese não nos podemos todos libertar.

Quando lemos as notícias do dia a dia e lemos, por exemplo, um livro de ficção como o "Fiel Jardineiro" será que conseguimos com clareza distinguir onde está a verdade e onde está a ficção?
No auto-intitulado mundo desenvolvido queremos mesmo distingui-las?
Mesmo que essa não seja a intenção incicial conseguiremos alguma vez fugir à tentação de transformar os países em vias de desenvolvimento em gigantescos campos de experimentação em ambiente real?