sexta-feira, setembro 26, 2008

Crisis what Crisis?

A actual crise financeira leva-me a cruzar duas ideias.

Primeira ideia.
Corremos sem parar num processo de mil maravilhas com promessas de um mundo melhor.
Sempre adiado no presente, em nome de um futuro radioso, sem perceber que o adiamento continuado faz com que todo o futuro seja presente.
E é em nome desse futuro feito presente que trituramos tudo o que se atravessar na caminhada.
Mesmo aquele em nome do qual caminhamos.
Diria mesmo que em especial aquele em nome do qual caminhamos
E esmagamos com particular indiferença os indefesos e mais fracos.
Porque a verdade é que trilhamos um caminho onde não há lugar para os fracos.
Quem não é forte, competitivo, capaz de atingir objectivos, não merece nem se merece.
Mesmo que mereça, desde que fique para trás será tratado exactamente do mesmo modo que os outros, que o mesmo é dizer, será destruído, porque o sistema não contém em si os mecanismos que permitam a diferenciação.
Segunda ideia.
Assim de repente diria que a crise é uma besta.
Olhada mais de perto, uma besta criada pelo homem.
Ainda mais de perto, criada intencionalmente pelo homem e não consequência de um qualquer erro.
Então?
Pois é! A crise criada para consumo externo, transformou-se num monstro, cujo principal alimento é o criador.
Absurdo?
Claro! Tanto quanto o é o actual modelo de desenvolvimento.
A grande questão da crise é a crise ela mesma.
Porque esta crise é estrutural, besta criada pelo homem para serviço da sua ganância, que, perdido o seu controle, come o criador.
Nada que o próprio homem não saiba, mas isso que importa quando a tentação é mais forte, sempre tão mais forte?