Depressa para Lado Nenhum (3)
Arrastado pelo sempre mais e para as necessidades desnecessárias o homem avançou desmedidamente num processo que deixou de dominar e onde as coisas passaram a valer o que representam e não o que são.
O único objectivo passou a ser o consumo, do que quer que seja, quanto mais supérfluo maior a felicidade!
O consumo é hoje a verdadeira religião, sendo que a dita se transforma aos poucos num acto simbólico, a mais das vezes tão só tradição, desespero ou simples moeda de troca (dás-me o que quero e rezo-te uma oração) em forma de consumo, onde a missa é a refeição principal e as esmolas as refeições avulsas de uma consciência sempre com fome! Enganada a consciência, o importante é esquecer rápido para poder continuar a caminhada! Claro que também há os “gritadores”. Não vão à missa porque os que o fazem são um bando de hipócritas e num mundo tão carenciado rezar não serve de nada. Não dão esmolas porque fazê-lo é alimentar um sistema injusto e errado e o que é necessário é mudar o sistema; utilizam com frequência chavões do tipo “em vez de dar um peixe a um pobre, o importante é ensiná-lo a pescar”, mas no fim não fazem uma coisa nem outra.
Estão errados?
O único objectivo passou a ser o consumo, do que quer que seja, quanto mais supérfluo maior a felicidade!
O consumo é hoje a verdadeira religião, sendo que a dita se transforma aos poucos num acto simbólico, a mais das vezes tão só tradição, desespero ou simples moeda de troca (dás-me o que quero e rezo-te uma oração) em forma de consumo, onde a missa é a refeição principal e as esmolas as refeições avulsas de uma consciência sempre com fome! Enganada a consciência, o importante é esquecer rápido para poder continuar a caminhada! Claro que também há os “gritadores”. Não vão à missa porque os que o fazem são um bando de hipócritas e num mundo tão carenciado rezar não serve de nada. Não dão esmolas porque fazê-lo é alimentar um sistema injusto e errado e o que é necessário é mudar o sistema; utilizam com frequência chavões do tipo “em vez de dar um peixe a um pobre, o importante é ensiná-lo a pescar”, mas no fim não fazem uma coisa nem outra.
Estão errados?
Talvez, mas isso que importa, quando se limitam a copiar os grandes do mundo, os donos de todas as coisas que, a uma escala infinitamente maior fazem exactamente a mesma coisa!
Mas com regras!
Os senhores do mundo começam por reunir-se em cerimónias pomposas e dispendiosas (mesmo que estejam a tratar da fome do mundo!) onde são tomadas as grandes decisões. Muitas vezes o dinheiro gasto nessas reuniões era suficiente para resolver os problemas aí tratados, os quais acabam por não ser resolvidos por falta de dinheiro para os resolver.
Os senhores do mundo começam por reunir-se em cerimónias pomposas e dispendiosas (mesmo que estejam a tratar da fome do mundo!) onde são tomadas as grandes decisões. Muitas vezes o dinheiro gasto nessas reuniões era suficiente para resolver os problemas aí tratados, os quais acabam por não ser resolvidos por falta de dinheiro para os resolver.
Nessas reuniões decidem sobre o futuro de todas as pessoas, nuns casos com alguma legitimidade, a maior parte das vezes sem qualquer legitimidade.
Em muitos casos não possuem mais que hipóteses sobre o efeito que as medidas tomadas vão ter sobre a vida das pessoas, mas uma decisão tomada pelos senhores do mundo passa a desígnio superior para cumprir como verdade absoluta. Pelo menos até à próxima reunião. Aí pode ser que o desígnio seja de sentido contrário, mas, se assim for, será de novo inquestionável… até à próxima reunião.
E os desígnios são para cumprir.
Se para isso for preciso matar milhares de pessoas à fome, que morram. Se na próxima reunião se provar que as decisões estavam erradas, que fazer? Os mortos vão reclamar?
O que é isso de pessoas a morrerem à fome, desempregadas, na miséria, excluídas, comparado com a absoluta necessidade de se cumprirem os objectivos definidos? Que interessam os custos desde que se atinjam os critérios, se trave a inflação, se corrija o défice?
Nada!
Em nome do homem e para o salvar vale tudo – mesmo matar o homem!
Temos assim a encruzilhada transformada numa espécie de peneira gigante, onde os buracos variam ao sabor ditames dos senhores do mundo, cuja localização são os únicos a conhecer (ainda que de tanto os quererem esconder, às vezes acabem por se esquecer). Os senhores do mundo saltam incólumes por entre os buracos, enquanto a plebe numerosa ao mínimo descuido é engolida tal como está, isto é, vestida e calçada. E são buracos tão fundos e escuros que quem lá cai só excepcionalmente consegue voltar a ver a luz do dia, sendo que uma enorme maioria lá nasce, vive e morre sem nunca ver a luz!
E quando os buracos ficarem de tal modo cheios que os moribundos comecem a inundar a superfície?
Acredito que então esta enorme mole humana se transformará numa gigantesca e incontrolável bomba!
Em muitos casos não possuem mais que hipóteses sobre o efeito que as medidas tomadas vão ter sobre a vida das pessoas, mas uma decisão tomada pelos senhores do mundo passa a desígnio superior para cumprir como verdade absoluta. Pelo menos até à próxima reunião. Aí pode ser que o desígnio seja de sentido contrário, mas, se assim for, será de novo inquestionável… até à próxima reunião.
E os desígnios são para cumprir.
Se para isso for preciso matar milhares de pessoas à fome, que morram. Se na próxima reunião se provar que as decisões estavam erradas, que fazer? Os mortos vão reclamar?
O que é isso de pessoas a morrerem à fome, desempregadas, na miséria, excluídas, comparado com a absoluta necessidade de se cumprirem os objectivos definidos? Que interessam os custos desde que se atinjam os critérios, se trave a inflação, se corrija o défice?
Nada!
Em nome do homem e para o salvar vale tudo – mesmo matar o homem!
Temos assim a encruzilhada transformada numa espécie de peneira gigante, onde os buracos variam ao sabor ditames dos senhores do mundo, cuja localização são os únicos a conhecer (ainda que de tanto os quererem esconder, às vezes acabem por se esquecer). Os senhores do mundo saltam incólumes por entre os buracos, enquanto a plebe numerosa ao mínimo descuido é engolida tal como está, isto é, vestida e calçada. E são buracos tão fundos e escuros que quem lá cai só excepcionalmente consegue voltar a ver a luz do dia, sendo que uma enorme maioria lá nasce, vive e morre sem nunca ver a luz!
E quando os buracos ficarem de tal modo cheios que os moribundos comecem a inundar a superfície?
Acredito que então esta enorme mole humana se transformará numa gigantesca e incontrolável bomba!