terça-feira, abril 17, 2007

Massacre em Virginia

a propósito da violência indiscriminada que sob uma determinada forma é um bem necessário e sob outra um horror...ainda que as vitimas sejam sempre as mesmas - os inocentes!

Um novo massacre na Universidade de Virgínia causou 33 mortos e muitos feridos.
Apesar de recorrentes a tendência é para encarar cada um destes episódios trágicos com espanto e horror, como casos isolados que não podem acontecer neste dito mundo civilizado.
E, de cada vez que acontecem, para além da revolta e do horror, reiniciamos uma revoada de análises, cada uma mais profunda que a outra, onde apontamos mil caminhos e outras tantas soluções, pelo menos até que uma monstruosidade maior se sobreponha a esta.
Depois voltamos a assobiar para o ar, a fingir que está tudo bem, e que estes actos nada mais são que loucuras momentâneas de pessoas desequilibradas.
Mas será assim tão simples?
Também serão loucuras momentâneas de pessoas desequilibrados, mas essa é apenas a ponta do icebergue de uma loucura mais profunda que consciente ou inconscientemente alimentamos todos os dias.
Só nos Estados Unidos existem milhões de armas na posse de quase toda a gente e o seu uso em determinadas circunstâncias está autorizado constitucionalmente a qualquer cidadão; neste contexto, e para além destes actos isolados, o que pode acontecer numa situação de quebra generalizada da ordem pública é facilmente imaginável.
Enquanto o armamento for um dos maiores negócios a nível mundial não haverá solução para a violência, seja sob esta ou qualquer outra forma.
Bem pode o presidente da maior nação do mundo vir dizer que está horrorizado, que isso soará sempre a falso e não serão mais que palavras inócuas se entretanto continuar a promover e a fabricar armamento cada vez mais sofisticado.
Desengane-se quem pensar que o homem não experimentará um dia tudo o que cria e tudo o que pode fazer.
Podem fazer as leis que entenderem, criar os mais sofisticados mecanismos de controlo que um dia haverá em que tudo isso falhará e aí aparecerá sempre alguém disponível para carregar no botão, incluindo como é óbvio o botão dos botões – o nuclear!
Será talvez mais um louco a fazê-lo, um dos muitos que esta sociedade do sempre mais está a criar num processo de autofagia cada vez mais incontrolável!