segunda-feira, junho 11, 2007

A Cerimónia Oficial

As comemorações do dia 10 de Junho decorreram este ano em Setúbal.

Mesmo sabendo que as coisas são o que são e que não é possível separá-las do tempo e do espaço em que ocorrem, há dois aspectos fundamentais que, para lá do contexto, também não podem ser ignorados.
Um remete para o colectivo social (o que diz o povo) e o outro para a organização social, ela mesma (como as coisas acontecem).
E, nesta situação concreta, são ambos preocupantes.

Por estes dias a frase mais ouvida em Setúbal foi: “para isto já há dinheiro”, dito assim sem mais nada, mas num claro contraponto com o dia a dia, onde aparentemente não há dinheiro para nada, o que, aliás, em relação à autarquia, a própria faz questão de afirmar com frequência.

Depois a organização no seu aspecto mais visível, o da segurança.
A zona onde decorreram as cerimónias transformou-se num enorme espaço de acesso reservado; segurança e mais segurança, grades e mais grades – tudo pelo povo, tudo em nome do povo... mas povo não entra, fica a uma distância confortável separado por grades!

Tudo se passa como se existissem dois países: um, o das cerimónias oficiais com os discursos, as paradas e a ostentação de fachada, onde tudo é perfeito e outro, o país real, onde é quase tudo mau.
Mais que um paradoxo, trata-se de uma bomba ao retardador, resultado de um modelo de desenvolvimento esgotado e irracional que mais cedo ou mais tarde nos vai cair em cima!