quarta-feira, agosto 08, 2007

Timor - a caminho de quê?

...ou como se criam as condições para os supostos detentores da verdade imporem a lei e a ordem, por via disso quase sempre transformada em desordem...

O presidente da república de Timor decidiu nomear para formar governo o líder do agrupamento político que ficou em segundo lugar nas eleições, o qual irá governar em coligação com o que ficou em terceiro, deixando de fora aquele que ficou em primeiro lugar.
Não discuto a legalidade que admito poder existir, mas excluída esta (se existir) ponho em causa tudo o resto.
Timor não é uma democracia consolidada e a maior parte dos seus habitantes são os mesmos que fizeram a guerrilha pela independência, prontos a continuar a lutar se se sentirem ignorados e ameaçados e este acto é claramente uma ameaça a uma maioria da população.
Xanana Gusmão teve um papel decisivo na independência e foi no tempo devido um salvador, mas o pior que pode acontecer a um povo é a perpetuação dos salvadores e os exemplos da história são demasiados para que se ignorem os seus ensinamentos.
Ramos Horta teve um papel diferente na luta pela independência, mas exactamente por isso devia ter uma maior consciência dos riscos que corre uma democracia emergente, quando se entende decidir do bem e do mal, à revelia da vontade popular; porque, mais do que ninguém, tem a obrigação de perceber que em democracia todos os votos contam, mesmo os que não nos são favoráveis, diria mesmo, em especial os que não nos são favoráveis.