terça-feira, dezembro 19, 2006

A "istória" em Portugal


a propósito do acordo na Concertação Social sobre o aumento do Salário mínimo nacional ou de como se dá um bife em troca do porco e se prova que o que se dão são dois porcos…


Em sede de Concertação Social (politiquez falando!) foi alcançado um acordo sobre o aumento do salário mínimo nacional.
Inédito e histórico foi o mínimo de adjectivação encontrada pelo primeiro-ministro.
Por mim se eu tivesse que adjectivar alguma coisa seria tristeza (acompanhada por um pedido de desculpas)!
A questão é que o acordo inédito e histórico consiste num aumento de 17 Euros por mês!
Em nome dos quais se fala de aumento do poder de compra (desde que aumente um cêntimo há sempre aumento do poder de compra, diria Jacques de la Palisse) e, muito pior, à sombra do qual se enuncia a possibilidade de flexibilizar as leis do trabalho, leia-se aumentar a possibilidade dos despedimentos.
Parece-me muito pouco por um lado e demasiado por outro!
Pouco porque quem nada comprava com 386, pouco continua a comprar com 403, demasiado porque se quem tem de pagar mais 17 euros fica com a possibilidade de deixar de pagar os 386 acaba por ganhar tudo!
Confuso?
Quem assim decidiu que pegue em 400 Euros e tente viver dois dias seguidos que logo vê o que é confusão!

O Espectáculo a Qualquer Preço

A notícia:
“O ministério público de Bona acusou três jovens reclusos da morte de um companheiro de cela, depois de o terem torturado e sujeito a sevícias sexuais, durante doze horas na Prisão de Siegburg, na Alemanha.
Os suspeitos com idades entre os 17 e os 20 anos, já confessaram em tribunal que queriam ver morrer um homem…”
O resto:
Como móbil de um crime é aberrante, mas será assim tão simples nesta sociedade mediática onde só o espectáculo conta e onde as fronteiras entre a realidade e a fantasia estão cada vez mais esbatidas?
O espectáculo é hoje talvez a componente mais envolvente da nossa vida em sociedade.
Está em todo o lado, umas vezes de forma assumida, outras camuflado de interesse público, de dever de informar, de direito ao conhecimento.
Quantas vezes tão só mascaradas de um pretenso e inalienável direito à informação.
Em nome dos valores a verdade é que, muitas vezes, na teia do espectáculo, são os valores que se perdem, substituídos por uma amoralidade a quem tudo é permitido.
Por via do espectáculo há hoje uma osmose permanente entre realidade e fantasia de que resulta a perca de noção de cada uma e se esbatam as noções de bem e de mal. Porque é evidente que na fantasia se perde a noção do mal, quando se mata alguém que depois reaparece tantas vezes quantas se matar. Se são uma e a mesma coisa porque não há-de reaparecer também na realidade? E se reaparece onde está o mal?
Perdida a noção de bem e de mal estamos a um passo de uma sociedade amoral e sem valores, onde até pode ser normal alguém dizer que matou só porque queria ver morrer.