quarta-feira, dezembro 30, 2009

A Não Notícia

...ou o inalienável direito ao...ruído?

Já sabíamos dos famosos que só são famosos por serem famosos, ou das notícias que só são notícias por serem notícias.
Ainda não sabíamos das notícias que são notícias por não serem noticias.
A notícia (previsível) de abertura do telejornal era as cheias (previsíveis) no rio Douro!
Que não aconteceram!
E qual foi a noticia?
Exacto!
Não houve cheias no rio Douro!
Pode não acontecer nada, mas se um homem quiser, até pode mesmo acontecer não acontecer nada!
Porque é que será que, de repente me lembrei da anedota do pisca-pisca?
“Vou experimentar o pisca- pisca deste carro, fica aí fora para ver se trabalha”.
“OK.Patrão!”
”Então?”
”Agora trabalha, agora não trabalha, agora trabalha, agora não trabalha, agora trabalha, agora não trabalha, agora…

Morrer é...

...ficar ausente para sempre?

Passamos a vida a correr num tropel vertiginoso, feitos consumidores compulsivos de todas as coisas, em especial de tempo.
Tempo que, à semelhança de todas as outras coisas, consumimos de forma inconsciente sem percebermos que é o único que não volta nem se repete.
Então morre alguém muito próximo de nós.
Paramos por instantes!
Remetemo-nos à nossa insignificância, percebemos quão frágeis somos e repetimos até à exaustão os chavões do costume, que é a vida, que contra isto não podemos fazer nada, que… que…
Que dizer quando não há nada para dizer?
Mas são tão breves estes instantes!
Porque logo de seguida voltamos a ser os super homens do costume, com as prioridades normais do super-homem actual: consumir, olhar para o umbigo, consumir, olhar para o umbigo, consumir…até já não conseguir ver o umbigo, momento a partir do qual passamos a consumidores puros!
Até ao dia em que o outro somos nós!
Então olhamos para trás, para um vazio do tamanho do mundo e não conseguimos vislumbrar nem o vestígio de uma simples pegada!

terça-feira, dezembro 29, 2009

Nao é Paris... é México

...como pode ser penoso ter razão antes de tempo...

Infelizmente não me enganei!
E, nem por uma vez, o egoísmo, a ambição, o poder e a hipocrisia deixaram de se sobrepor aos verdadeiros interesses de toda terra!
Estes é que vão vencer sem perceber, até ao derradeiro estertor, que só existem porque existe tudo o que os rodeia!
O homem quis tanto confundir o real com o virtual que acabou incapaz de os distinguir e é exactamente por isso que vai acabar por tudo destruir, enquanto acredita que está exactamente a fazer o contrário - a fazer tudo para se salvar e ao mundo que habita!

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Os Novos Adivinhos

…sobre os sinais que tão diligentemente nos guiam, mesmo que não saibam bem para onde…

A noticia diz que nos Estados Unidos “o desemprego recua inesperadamente em Novembro” e como consequência a bolsa reage com entusiasmo.
Saltam os analistas do costume e no imediato sobem as empresas de crédito porque as pessoas se vão endividar mais, sobem as petrolíferas porque talvez se ande mais de carro e se gaste mais combustível, sobem as empresas que dependem do consumo porque talvez se vá comprar mais, etc., etc.
Até pode ser tudo muito científico, mas a ideia mais forte que me fica, é que sobe tudo da mesma maneira que baixou o desemprego – inesperadamente e ao calhas… digo eu!
O “inesperadamente” da noticia até pode ser inocente, mas a mim parece-me o termo mais lúcido de toda a noticia.
Penso nestes analistas que (nos) comandam, (sempre os mesmos, pais, mentores e actuais salvadores da crise), e não consigo evitar que me venham à memória os Oráculos, cujo mais famoso, o de Delfos, ditou leis, caminhos, decisões durante 15 séculos.
Aí as pitonisas, sob os efeitos do “fumo sagrado”, diziam coisas aparentemente inconsequentes e sem nexo, que os sacerdotes recolhiam e transformavam em informação perceptível.
Aqui os sinais não me parecem menos inconsequentes e sem nexo, só que os actuais sacerdotes, munidos de ferramentas topo de gama, são capazes não só de interpretá-los como de transformá-los em teorias cientificas indiscutíveis.
Será que são?